O QUE É COMÉRIO MÓVEL (M - BUSINESS)?
Uma das definições mais completas de Comércio Móvel foi encontrada em Balasubramanian, Peterson e Javenpaa (2002). Os autores conceituam o Comércio Móvel (Mobile Commerce ou M-commerce) como qualquer fenômeno que possua as seguintes características: (1) envolve comunicação, de uma ou duas vias, entre dois ou mais humanos, entre humano(s) e um ou mais objeto inanimado, ou entre dois ou mais objetos inanimados (entre aparelhos); (2) para pelo menos uma das partes, a sua capacidade de comunicação não está vinculada a estar em determinado local, em ponto específico no tempo; (3) essa capacidade de se comunicar deve ser sustentável pelo menos por uma das partes durante uma movimentação substancial de um lugar para outro; (4) os sinais de comunicação entre as partes devem ser preferencialmente carregados por ondas eletromagnéticas; (5) se a comunicação se der entre humanos, pelo menos um deles procura beneficiar-se economicamente dessa comunicação, a curto ou longo prazo. Se a comunicação se der entre objetos, ela deve buscar criar benefícios econômicos para um humano ou empresa.
SITUAÇÃO ATUAL DO COMÉRCIO MÓVEL (M - BUSINESS)
As tecnologias Móveis, Sem Fio e Ubíquas estão entre os assuntos mais discutidos na área de Sistemas de Informação atualmente. Com o crescimento da telefonia móvel, banda larga e redes sem fio, a mobilidade e a computação em múltiplas plataformas e aparelhos tornam-se cada vez mais factíveis (Kalakota & Robinson, 2002; Weiser, 1991, 1993; Watson, Pitt, Berthon, & Zinkhan, 2002). A indústria de TI tem realizado intensa divulgação dessas tecnologias, argumentando que elas viabilizam os assim chamados " Negócios Móveis" (m-business) (Fenn & Linden, 2001; Kalakota & Robinson, 2002).
Apesar de certas restrições quanto a custo, disponibilidade, padrões universais e segurança, as Tecnologias de Informação Móveis e Sem Fio se propagam mundialmente e, da mesma forma, no mercado brasileiro. No Brasil, o número de telefones celulares (57 milhões) já ultrapassou o número de telefones fixos. (IDGNow/PCWorld, 2004). Várias empresas já estão instalando serviços de acesso à Internet via link sem fio em diversos ambientes, como aeroportos, cafés, hotéis, especialmente nas capitais do País (Fusco, 2003; IDGNow, 2003a; ComputerWorld, 2003). Além disso, laptops e PDAs (Personal Digital Assistants – Assistentes Digitais Pessoais), produzidos recentemente, já são adequados ao uso de redes sem fio (Idgnow/PCNews, 2003; Gartner Group como citado em IDGNow, 2003b). Telefones inteligentes (telefone celular e PDA com acesso à Internet em um único aparelho) começam a ser comercializados no País (IDGNow/PCWorld, 2003). Os telefones celulares ficam mais sofisticados, passando para as chamadas 2,5 e 3ª gerações. A RFID (Radio Frequency Identification – Identificação por Rádio Freqüência) começa a ser utilizada, especialmente no varejo (IDGNow/WorldTelecom, 2003). As redes sem fio como as WLAN (Wireless Local Area Network – Redes Locais Sem Fio) e acesso a dados, via aparelhos sem fio, estão se tornando comuns em algumas empresas, especialmente para apoiar atividades comerciais e de atendimento aos consumidores em campo.
A crescente aplicação dessas tecnologias faz emergir uma série de questões relativas à sua criação, escolha, adaptação e conseqüências de utilização. Contudo, por serem recentes, há certa confusão conceitual em torno de termos como: Tecnologias Móveis (Mobile), Tecnologias Sem Fio (wireless), Tecnologias Ubíquas, Comércio Móvel (m-commerce) e Negócios Móveis (m-business). Como será visto na seqüência, esses termos são utilizados em profusão, tanto no mercado quanto na pesquisa acadêmica, muitas vezes sem definição clara do seu significado. Acredita-se que o primeiro passo para que se possa avançar no conhecimento desse tema é buscar uma definição mais precisa de termos. Dado o potencial de utilização dessas tecnologias, é importante também mapear que tipos de estudos estão sendo desenvolvidos a respeito, assim como as lacunas de pesquisa ainda existentes.
Diante desse contexto, o objetivo deste artigo é realizar um mapeamento do estado-da-arte da pesquisa sobre as Tecnologias de Informação Móveis, Sem Fio e Ubíquas, identificar as definições dos principais conceitos relacionados a essas tecnologias, bem como as oportunidades de pesquisa sobre essa temática. Para atingir esse objetivo, foi realizado um Levantamento (survey) na literatura existente sobre essas tecnologias.
Assim, na próxima seção é apresentado o método de pesquisa; na seqüência, a análise dos dados, procurando-se chegar às definições dos termos citados na literatura e à identificação dos principais temas abordados, bem como os métodos de pesquisa utilizados. Na seção seguinte, faz-se um apanhado da produção científica brasileira a respeito do tema de estudo. A partir dessas análises, são apresentadas as conclusões do estudo e a indicação de oportunidades de pesquisa futura. A sexta seção lista todos os artigos pesquisados via Levantamento e a seção final indica a produção brasileira analisada e outras referências bibliográficas utilizadas.
ANÁLISE DOS DADOS
Móvel, Sem Fio, Ubíqua, Pervasiva, Embutida, Nômade – Que Tecnologia é Essa?
O primeiro aspecto identificado a partir do Levantamento na literatura é que diversos são os termos utilizados para se referir a dispositivos, aplicações, sistemas de informações ou mesmo transações de negócios com a utilização de Tecnologias de Informação Móveis, Sem Fio e Ubíquas. Exemplos: [tecnologias, sistemas ou aplicações] « móveis » ; « sem fio » ; « ubíquas » ; « nômades ». Contudo, verificou-se que 41% dos artigos (22) não apresentam uma definição precisa do termo que está sendo utilizado. Cabe discutir a definição dos principais termos mencionados.
Tecnologias de Informação Móveis (mobile) - Mobilidade relaciona-se com portabilidade, isto é, a capacidade de se levar, para qualquer lugar, um dispositivo de Tecnologia de Informação (baseado em Kalakota & Robinson, 2002). Logo, um laptop ou um PDA comum (sem capacidade de acesso a redes sem fio) são tecnologias móveis. Weilenmann (2003) vai além e diz que uma tecnologia móvel é aquela que é criada para ser usada enquanto se está em movimento (por exemplo, um walkman). No entanto ela ressalta que uma tecnologia móvel também é assim designada por possuir portabilidade.
Entretanto cabe considerar que, muitas vezes, quando se utiliza o termo mobile os autores estão se referindo ao uso de dispositivos de TI Móveis e Sem Fio (veja a definição na seqüência), isto é, aparelhos como, por exemplo, telefones celulares ou PDAs que podem ser conectados a uma rede e especialmente à Internet, via acesso sem fio. Ainda há casos em que o termo Móvel (mobile) e Sem Fio (wireless) são usados como sinônimos (veja como exemplo Tarasewich, Nickerson, & Warketing, 2001).
Tecnologias de Informação Sem Fio (wireless) – São Tecnologias de Informação que envolvem o uso de dispositivos conectados a uma rede ou a outro aparelho por links de comunicação sem fio, como, por exemplo, as redes de telefonia celular ou a transmissão de dados via satélite, além das seguintes tecnologias: Infra-vermelho (infrared - IR), Bluetooth, Wireless LAN (Rede Local sem fio) (a respeito dessas tecnologias, veja Bobak, 2001) e Wi-Max (Telecomweb, 2004).
Em geral tende-se a associar o termo « sem fio » com mobilidade, mas isso nem sempre é verdadeiro. Por exemplo: pode-se ter um computador de mesa ligado a uma rede sem fio, mas nem por isso ele é um dispositivo móvel; o acesso à Internet em um " Hot Spot" , envolve o uso de tecnologia sem fio, mas com mobilidade restrita àquele local; a troca de cartões de visita pela conexão via infravermelho entre dois PDAs também implica o uso de tecnologia sem fio, mas de mobilidade ainda mais restrita. Na verdade, a idéia de « wireless » é tão antiga quanto qualquer transmissão por rádio, porém agora se estende rapidamente a usos computacionais (Mannings & Cosier, 2001).
Tecnologias de Informação Ubíquas (ubiquitous) – O termo ubíquo tem como uma de suas principais origens a definição apresentada no artigo seminal de Weiser (1991). Segundo o autor, estamos caminhando para a era da tecnologia calma (calm technology), quando a computação passa a ser subjacente às nossas vidas. Os computadores passam a ser tão naturais, tão sob medida e tão embutidos em todos os locais e nos mais diferentes objetos; eles tendem a se tornar praticamente invisíveis, isto é, nós os utilizaremos quase sem pensar, tal qual utilizamos a energia elétrica atualmente. Logo, a Computação Ubíqua envolve, em termos tecnológicos, a existência de diversos computadores interconectados por redes sem fios em cada ambiente, protocolos de comunicação que permitam o trânsito entre diferentes dispositivos e entre redes que se espalham pelos prédios, ruas, carros, em todos os locais. Isso demanda computadores de diferentes tamanhos, assim como sensores que os tornem conscientes de cada usuário e de cada ambiente.
Weiser (1991, 1996) estabelece uma diferenciação entre a Computação Ubíqua e os dispositivos móveis, uma vez que, diferentemente de PDAs, laptops ou telefones celulares, ela é invisível e onipresente, não havendo a necessidade de se carregar dispositivos específicos, já que a informação poderá ser acessada de qualquer lugar e em qualquer tempo, em diversos dispositivos de uso diário.
As tecnologias de redes sem fio, dispositivos de localização automática, sensores e dispositivos de RFID (Strassner & Schoch, 2002), já existentes atualmente, são elementos chaves para a Computação Ubíqua. No entanto a Computação Ubíqua, tal qual definida originalmente por Weiser, ainda não é uma realidade, muito embora avanços tecnológicos estejam contribuindo para a sua difusão.
Cabe destacar que, em geral, os termos computação pervasiva (pervasive computing), ou embutida (embbeded) referem-se de certa forma ao conceito de computação ubíqua, muito embora o termo embutido se refira a apenas uma de suas características. De acordo com Abowd e Mynatt (como citado em Baber & Baumann, 2002), aplicações de Computação Ubíqua compartilham três objetivos básicos: Interação natural com as pessoas, com objetos do dia-a-dia servindo de interfaces para ambientes computacionais; Tecnologias inteligentes, sensíveis a diferentes contextos e atividades humanas, capazes de reagir a elas e comunicação, tanto pessoa-objetos quanto objetos-a-objetos.
Tecnologias de Informação Nômades (nomadic) - Lyytinen e Yoo (2002) propõem o termo Computação Nômade (Nomadic Computing). Eles asseveram que um ambiente de informação nômade é " uma confluência heterogênea de elementos tecnológicos, sociais e organizacionais interconectados, que possibilitam a mobilidade física e social de serviços de comunicação e computação entre atores, tanto dentro quanto fora das fronteiras organizacionais". Três características são chaves para a computação nômade: mobilidade, serviços/infra-estrutura em larga escala e convergência. Ela é focada na idéia de Tecnologias de Informação Móveis e Sem fio, mas chama a atenção para outros elementos relacionados a tecnologias que apóiam trabalhadores nômades, como questões relacionadas à interação homem-computador, psicologia, sociologia, ergonomia etc. Nessa visão ampliada sobre as tecnologias móveis, Kakihara e Sorensen (2002) e Sorensen (2003) argumentam que a mobilidade não possui somente uma dimensão espacial, mas também temporal e contextual
Fonte do Conceito: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552007000400009
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